terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Ano Novo, Vida Nova

    Depois do Natal, período em que se festeja a união da família e nos reaproximamos de pessoas que há muito tempo não víamos, nos confrontamos com a perda das pessoas que nos eram queridas e se foram, a solidão dos outros, os casamentos felizes e os namoros que falharam, os nascimentos e as crianças que já não são bebés, porque cresceram e deixaram de acreditar no Pai Natal… 
       É nesta altura que nos aparece o Ano Novo, renovando votos de felicidade, como um caderno novinho no primeiro dia de escola. É nesta altura habitual fazermos um balanço da nossa vida, daquilo que foi feito nos últimos 12 meses e, sobretudo, daquilo que desejamos alcançar no novo ano. Terminamos um ciclo e iniciamos outro, definimos novos objectivos, comprometemo-nos com mudanças que nos deixarão mais satisfeitos e realizados. É nesta altura que nos parece mais fácil e óbvio mudar de vida e apagar tudo que o que já vivemos de negativo, e começar uma vida nova… Mas não é fácil manter a motivação ao longo dos 365 dias que se seguem e muitas vezes as intenções não passam “do papel”. 
       Mas será essa a melhor solução? Desta vez, temos que levar a sério a já desgastada afirmação: "agora é que é…"! Pois bem, chegou a hora de parar para pensar, porque é que nesta altura reclamamos da vida, das coisas, das pessoas ou até de tudo o que nos rodeia… 
       Será que a nossa vida necessita mudar RADICALMENTE? Ou apenas de um pequeno reajustamento a uma nova realidade? Será que mudar os nossos velhos hábitos e instituir novos é uma tarefa assim tão fácil? Ou cairemos nós na armadilha do eterno adiamento do inevitável, o auto boicote dos nossos sonhos e esperanças? 
      Quem é que nunca disse a celebre frase “Ano Novo, Vida Nova… A partir de hoje…” vou chegar mais cedo e menos cansado a casa, tenho que me levantar a tempo para fazer uma caminhada ou ir à ginástica logo de manhã e não deixar a preguiça dominar a vontade de ficar na cama quentinha enquanto chove lá fora, ou matricular-me num ginásio e frequentá-lo com regularidade, vou comer mais frutas e legumes e cozinhar comidinha boa e saudável todos os dias, e até perder os quilinhos que estão a mais há tanto tempo, deixar de fumar, namorar mais em vez de discutir, arranjar mais disponibilidade para a família, conseguir uma promoção no emprego ou ter mais tempo para mim… É longa a lista de determinações que se costuma elaborar a cada início de ano... Na verdade, à primeira vista, estas decisões parecem pequeninas e pontuais, mas todas juntas acabam por construir um novo caminho. E assim, no final do ano, passa a ser mais fácil, agradável e reconfortante, olhar para trás e verificar que tanto mudou ao longo do ano. 
      Mas será que só nesta altura do ano é que pode existir uma mudança? Pois é, na realidade essa mudança de atitude pode acontecer sempre que o desejarmos, podemos fazer resoluções e mudar de vida quando quisermos e bem entendermos. No entanto, há qualquer coisa no início de um novo ano que nos enche de força de vontade para as coisas mais difíceis e dá-nos vontade de fazer algo de diferente e único. De diversificar os nossos interesses e organizar as nossas prioridades. De viver mais intensamente a vida e de ter mais tempo para o que realmente nos alegra. É como se tivéssemos uma oportunidade para recomeçar. 
     Mas, querer e sonhar não basta, pois os desejos não se realizam sozinhos… Temos que arregaçar as mangas e por mãos a obra para dar uma ajudinha… Assim, o melhor a fazer quando se inicia um novo ano é listar as nossas prioridades. Temos que começar por pensar naquilo que realmente desejamos para a nossa vida, mas numa perspectiva realista, atendendo apenas ao que poderemos conquistar com o nosso próprio esforço. 
     Depois, temos que elaborar um plano, onde vamos anotar tudo aquilo que pretendemos alcançar no novo ano e coloca-lo num local bem visível, pois aumenta o nosso compromisso. Quando escrevemos o que desejamos conquistar, atribuímos uma maior importância às coisas e passamos a dispor de algo para orientar as nossas acções, para nos relembrar o que prometemos a nós próprios.
De seguida, lembre-se que, tão importante quanto desejar, é planear, devemos perceber a viabilidade daquilo que desejamos, e isso só o podemos conseguir se planearmos tudo passo a passo. Caso contrário, sem uma boa planificação corremos o risco de daqui a 365 dias tudo estar igual e de sermos tomados por uma dose elevada de frustração pelos objectivos não estarem cumpridos. 
     Por fim, não podemos desistir dos nossos objectivos. Muitas vezes, o entusiasmo e a esperança que depositamos desaparecem em poucas semanas, e os nossos esforços e motivação para melhorar e mudar vão-se desvanecendo. Para garantir o sucesso das resoluções de ano novo, não devemos ser demasiado ambiciosos e ter expectativas demasiado elevadas. Devemos estabelecer metas realistas, específicas e objectivas e implementar estas resoluções gradualmente. 

       
        Mas, mais importante do que todos os conselhos que posso aqui deixar, é “o desejo e a vontade efectiva de mudar”, que vão fazer com que as coisas realmente mudem, e é fundamental aprender a aceitar os sucessos e a não esmorecer com as falhas e obstáculos que surgem pelo caminho. Só assim será possível continuarmos a cumprir as resoluções de Ano Novo e, quem sabe, de uma nova vida.

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