Estamos, já, em contagem decrescente para o
Natal. As ruas estão iluminadas, parece até que já sentimos o aroma agradável
dos doces de Natal. As pessoas andam mais alegres e tudo tem uma magia
diferente.
Não obstante, algo assombra a magia
do Natal: o fantasma do consumismo. As lojas estão abertas todos os dias, quase
24 horas por dia, numa tentativa desesperada de atrair mais fregueses e de
fazer subir as vendas. Quando estamos a ler o jornal, ouvir a rádio ou a ver
televisão, somos constantemente bombardeados com publicidade às mais variadas
coisas, principalmente brinquedos ou aquela coisa que não compramos
regularmente, mas que adoramos. Tudo parece apelar ao nosso lado consumista. E
de facto, conseguem. As pessoas efectivamente preocupam-se mais em oferecer
presentes, do que em ajudar o próximo. Infelizmente já não existe aquele espírito
natalício de antigamente, que apenas com amor e carinho se oferecia uma alegria
inexplicável… As crianças já não ficam extasiadas à espera da véspera de Natal
para cearem em família com os pais, tios, avós e primos. Ficam, isso sim,
entusiasmados com as prendas que vão receber, e passam a noite inteira ansiosos
que chegue o momento de desembrulhar os presentes, e quanto maior for o
embrulho mais valor tem o presente. Quem é que nunca viu uma criança a fazer
birra no dia de Natal porque o brinquedo que queria era o do irmão, só porque é
maior?
Mas a questão que quero hoje focar,
não é a antecipação comercial do Natal, mas sim, lembrar do que a maioria das
pessoas se esquecem, ou melhor, fingem se esquecer. É de facto muito bonito
passear de casaco bem quentinho pelas ruas, ver as fantásticas iluminações, ver
a correria das pessoas nas compras, ficar dividido entre este ou aquele
presente, mas e os outros? Os outros… aqueles que estão sentados num canto da
rua, com um trapo qualquer a cobrir alguma parte do corpo e sentadinhos sobre
um pedaço velho de cartão, sem nada? São espectadores calados do nosso
consumismo absurdo, que apenas transmite o nosso egoísmo. Sim porque se
pensarmos por este lado, esta época aproxima-nos apenas daqueles que queremos e
não daqueles que mais precisam.
É
triste perceber que já não há Natal no sentido tradicional e verdadeiro que
pretendia a união e solidariedade. Cada vez mais vivemos numa sociedade que só
pensa em si mesma, e que em nada se preocupa com os verdadeiros problemas sociais
que, quer queiramos ou não, entram pelo nosso ecrã dentro todos os dias… Eu sei
que hoje em dia, a vida não está fácil para ninguém e que cada um tem os seus
problemas, mas se calhar, aí está o problema!!! Enquanto não conseguirmos
perceber que se todos olharmos apenas para o nosso umbigo, não vamos conseguir
dar um sorriso ao nosso vizinho, e este… fará o mesmo… e assim cada um estará a
viver só, num mundo repleto de gente só, num mundo sem valores, num mundo
eternamente triste… Seria bem melhor e bem mais fácil se todos não fechássemos
os olhos e se déssemos a mão a quem precisa de nós, não só neste natal, mas
infelizmente, durante o ano inteiro.
Se
o natal é quando um homem quiser, então que seja todos os dias…

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